Jornal da Cidade Regional

Crise energética: Brasil perderá 166 mil empregos e R$ 8,2 bilhões

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O constante aumento no preço da energia elétrica, causado em grande parte pela crise hídrica, terá uma série de impactos negativos na economia brasileira. Ela vai causar uma queda de R$ 8,2 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro neste ano. Para 2022, a previsão é de R$ 14,2 bilhões em perdas. 

Já o consumo das famílias será reduzido em R$ 7 bilhões, as exportações terão perdas equivalentes a R$ 2,9 bilhões, e ao menos 166 mil postos de trabalho serão fechados. No ano que vem, a crise energética deve afetar 290 mil empregos em relação ao número de pessoas ocupadas no primeiro trimestre deste ano.

O alerta é feito no estudo “Impacto econômico do aumento no preço da energia elétrica”, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgado nesta quarta-feira (3).

O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, destacou em nota que a crise de abastecimento dos reservatórios de água brasileiros afetou a produção de energia nas hidrelétricas — fonte mais barata — e aumentou o uso de usinas mais onerosas, como as termelétricas, o que ajuda a explicar o salto da inflação.

Mas os elevados encargos, impostos e taxas setoriais da tarifa de energia já pesavam sobre a economia brasileira mesmo antes da crise, segundo ele.

“O alto custo dos impostos e dos encargos setoriais e os erros regulatórios tornaram a energia elétrica paga pela indústria uma das mais caras do mundo, o que nos preocupa muito, pois a energia elétrica é um dos principais insumos da indústria brasileira”, afirmou Braga de Andrade. “Essa elevação do custo de geração de energia é repassada aos consumidores, com impactos bastante negativos sobre a economia.”

No entanto, segundo a confederação, antes mesmo da crise hídrica, o custo da energia elétrica já era um dos principais entraves ao aumento da competitividade da indústria brasileira. No ranking do estudo Competitividade Brasil 2019-2020, elaborado pela CNI, o Brasil aparece na última posição, entre 18 países, no fator Infraestrutura de Energia, devido ao custo elevado da energia elétrica e à baixa qualidade no fornecimento.

Autora do estudo, a economista Maria Carolina Marques lembra que a indústria é o setor da atividade que apresenta o maior consumo de energia elétrica e é afetada de forma direta e indireta pelos custos da área.

“O primeiro efeito sobre os custos é direto, via gastos adicionais para manutenção da sua própria atividade. De modo indireto, as empresas veem o aumento do preço dos insumos no mercado local, com o repasse do aumento no custo com energia pelas cadeias produtivas. Com o aumento no preço dos insumos domésticos, as empresas os substituem por importados, o que gera impactos negativos para os produtores de insumos nacionais”, conclui a especialista.

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