Jornal da Cidade Regional

Residente em pediatria relata mortes de crianças por Covid em MG: ‘Todas não vacinadas’

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A cada criança que eu vejo partir, meu coração embrulha. Não encontro outra forma de explicar. Perdemos três crianças no CTI na última semana com Covid”.

O desabafo acima é da residente em pediatria Marina Paixão de Madrid Whyte, de 27 anos, que trabalha no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) do Hospital Infantil João Paulo II, em Belo Horizonte.

A dor de conviver de perto com as perdas de crianças por causa da Covid-19 virou publicação nas redes sociais (veja abaixo).

Residente em pediatria relata casos de mortes de crianças não vacinadas em CTI de hospital público de BH — Foto: Redes sociais

Na tarde desta quarta-feira (2), Marina contou que, só na última semana de janeiro, três crianças morreram de Covid no CTI onde ela trabalha.

“Eram todas não vacinadas. E temos crianças internadas que os cuidadores também testaram positivo para a Covid e não têm a vacinação completa”, disse.

Dentre os óbitos que ela presenciou, havia desde bebês até crianças de mais de 10 anos.

Atualmente, Belo Horizonte só convocou para vacinação as crianças sem comorbidades de 9, 10 e 11 anos. E, com 5 a 11 anos, nos seguintes casos: com comorbidades, deficiência permanente, indígenas ou quilombolas, além de acamadas ou com mobilidade reduzida.

Minas Gerais vai receber mais doses pediátricas nesta semana, e a prefeitura disse que vai ampliar a vacinação 24 horas após o recebimento pelo município.

Rapidez da piora

A residente em pediatria contou também que se assusta com rapidez da evolução de alguns casos.

“Crianças que não tinham outros problemas de saúde e em poucos dias estavam com casos graves, algumas evoluindo a morte. Até para nós, que somos profissionais de saúde e estamos habituados a ver casos difíceis, está sendo muito pesado. Uma dor enorme”.

Residente em pediatria relata casos de mortes de crianças não vacinadas em CTI de hospital público de BH — Foto: Arquivo pessoal

A jovem disse ainda que, além de lidar com a tristeza de mães e pais que perdem seus filhos, tem a realidade de um hospital infantil lotado com crianças com problemas respiratórios.

Estamos lidando também com o hospital lotado, vários pedidos de vagas que não conseguimos receber, sobrecarga de trabalho e emocional”, lamentou.

Ela concluiu a conversa com um apelo:

“Vacinem seus filhos! As vacinas são comprovadamente seguras e reduzem casos graves e mortalidade. É urgente vacinarmos nossas crianças e lembrar que, além de protegê-los, os pais devem completar seu próprio esquema vacinal”.

Em nota, a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) responsável pelo Hospital Infantil João Paulo II disse que a respeito da superlotação “tem recebido normalmente pedidos de internação via Central de Regulação. Hoje (quarta, 2 de fevereiro), a ocupação na unidade é de 86% na enfermaria e de 94% na UTI. Para atender a alta demanda do atual cenário epidemiológico, a unidade abriu, em janeiro deste ano, mais 10 leitos de terapia intensiva pediátrica”.

Em relação aos óbitos de criança, a rede não informou o número de mortes registradas no hospital e disse que “em conformidade à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), não pode disponibilizar qualquer dado individualizado, que diz respeito à privacidade do paciente”.

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