“Quem te conhece não esquece jamais”. A frase faz parte do hino de Minas Gerais e descreve bem a sensação de quem conhece o estado. A região do Lago de Furnas é exemplo disso. Se no passado as pessoas vinham, conheciam e não esqueciam; agora elas postam e deixam registrado o momento que passaram na região. Infelizmente, as imagens feitas em Capitólio no dia 8 de janeiro ficarão para sempre e negativamente nos pensamentos de todos que assistiram. E principalmente dos que estavam presentes ali.
Nesta terça-feira (8), a tragédia que deixou dez vítimas fatais nos cânyons de Capitólio, completa um mês. Início da tarde de sábado, um dia chuvoso na região, mas com intensa atividade turística. Diversos marinheiros percorrem trechos paradisíacos com turistas a bordo.
A maioria dos passeios duram em média três horas até o regresso de todas as embarcações ao ponto de partida. No entanto, para a lancha nomeada de “Jesus”, o regresso não aconteceu.
No interior dos cânyons, pedaços de pedras começam a se soltar. Turistas e pilotos tentam avisar os mais próximos do paredão. Porém, devido ao barulho dos sons das lanchas, da água caindo e dos motores das embarcações, é impossível ouvir os gritos.
Segundos depois, uma grande rocha de aproximadamente 30 metros e 10 mil toneladas — segundo especialistas — desaba verticalmente, atingindo uma embarcação e todos seus ocupantes. O acidente matou todos instantaneamente. Outra lancha também foi atingida com os estilhaços de pedras e também afundou, mas todos sobreviveram. 32 pessoas sofreram ferimentos e foram hospitalizadas.
O acidente chocou a todos, aparecendo em vários veículos de comunicação nacionais e internacionais. O que a maioria não sabe é que o acidente não deixou apenas 10 vítimas fatais e 32 feridas. O ocorrido deixou dezenas de residentes locais desempregados. Não existe mais movimento, marinas e restaurantes parados.
Com cancelamentos de até 100% em pacotes de viagens e passeios, empresários do setor de turismo na região registram queda no movimento após o acontecido.
A tragédia aconteceu em um momento de grande expectativa pela retomada dos negócios para o setor às margens do reservatório. Isso porque, com a falta de chuvas, o lago registrava baixo nível de água até parte da segunda metade do ano passado, o que impactava nas atividades náuticas e, consequentemente, enfraquecia, juntamente com a pandemia, o turismo na região.
A questão é que hoje todos sofrem: os que estavam presentes — turistas e pilotos —, familiares das vítimas, empresários, colaboradores e todos aqueles que dependem do turismo para sobreviver.