A tragédia que matou 10 pessoas e feriu outras 20 em Capitólio, no Sul de Minas Gerais, completa dois anos nesta segunda-feira (8).
Desde a queda do paredão que se desprendeu nos cânions e atingiu quatro embarcações, o ‘Mar de Minas’ foi interditado, depois reaberto gradativamente com regras rígidas para o acesso de turistas e agora, há quase um mês, teve as normas de segurança afrouxadas por decreto municipal na tentativa de retomar o mesmo número de visitantes antes do acidente.
Dentre as alterações nas normas, o uso facultativo de capacetes e coletes salva-vidas. Veja abaixo:
Normas de segurança para acesso aos cânions:
Exigido dois anos após o acidente (novas regras)
O uso de capacetes para visitantes se torna facultativo
Passa a ser facultativo o uso de coletes salva-vidas
Fechamento das áreas de visitação quando tiver chuva acima de 50 mm em 24 h
Se mantém proibido o uso de som mecânico das lanchas
Se mantém proibido ancorar lanchas nas áreas dos cânions
O monitoramento dos cânions passa a ser em dias alternados até 31 de março; já de abril a setembro, o monitoramento passa a ser feito a cada 15 dias; e de outubro a março, uma vez por semana.
Ainda conforme o decreto, o monitoramento poderá ser diário em caso de acidentes e/ou movimentos de grandes massas de solo e rocha, tombamento, queda ou desplacamento de blocos de grande magnitude. Nestes casos, os cânions serão fechados até a liberação pelo responsável técnico pelo monitoramento e a Prefeitura.
Segundo o prefeito Cristiano Gerardão (PP), as flexibilizações foram feitas devido aos bons resultados dos estudos geológicos que estão sendo feitos nos cânions desde março de 2022.
“A nossa região hoje é referência pra várias outras cidades do país. A gente pode considerar que Capitólio hoje é a cidade mais responsável no turismo náutico, no ecoturismo e no turismo de aventura”, disse no dia em que assinou o decreto.
Gerardão disse ainda que as novas regras foram possíveis após parceria com Marinha, Ministério Público Federal, Ministério Público Estadual e com os municípios de São João Batista do Glória e São José da Barra, que também são banhados pelo lago da hidrelétrica de Furnas.
A medida agradou aos empresários, comerciantes e autônomos que vivem do turismo em Capitólio, setor que é a base da economia local e corresponde a 70% da arrecadação total do município, segundo a Secretaria de Turismo.
Além das mortes das vítimas e dar perdas dos familiares, a tragédia foi também um grande impacto na fonte de renda de milhares de moradores que atuam em hotéis, pousadas, restaurantes, lanchonetes, embarcações e complexos turísticos de Capitólio e região.
Ainda no fim do mês do mês passado, com as regras flexíveis, o município atingiu 90% na taxa de ocupação de turistas. Valor que demonstrou otimismo para 2024, segundo o diretor interino da Associação dos Empresários de Turismo de Capitólio (Ascatur), Gustavo Damata.
“Já estávamos em uma crescente durante todo ano de 2023 e, agora, só ocorreu uma comprovação de que o espaço está seguro. Isso soma com certeza e assim vamos atrair cada vez mais turistas.”
Quem também compartilha do sentimento de otimismo é a dona de uma imobiliária que vende e aluga imóveis de temporada na região. Marina Carvalho que viu o movimento cair 80% nos últimos dois anos, agora espera alavancar o negócio. “Tivemos uma queda terrível e agora começamos a ver as visitações e consequentemente procuras por imóveis, crescerem novamente”.
O dono da pousada Escarpas Eco Village, Vitor Oliveira Vasconcelos, contou que tem registrado taxas de ocupação que variam de 60% a 90% desde outubro do ano passado.
“Com certeza estamos no nosso melhor momento. É inegável que a flexibilização é um bônus no que se refere a aumento de demanda e estamos confiantes de que vamos cada vez mais atrair mais turistas.”
O marinheiro Paulo César Santos, que guia passeios em uma lancha, há mais de cinco anos na cidade, pensou em desistir do setor no período de crise. No entanto, assim como os demais colegas, viu o movimento crescer já no ano passado. “Não vou negar que pensei em desistir, acho que todo mundo que passa por dificuldade pensa, mas agora graças a Deus a realidade tem sido outra.”
Como chegar a Capitólio
Capitólio não conta com aeroporto comercial com voos regulares e o trajeto até lá é por via terrestre. A MG-050 é a principal rodovia que leva ao município saindo de Belo Horizonte, o trajeto dura cerca de 4h30.
Para quem viaja de avião e pretende alugar um carro até o destino, as melhores opções de aeroportos são o Aeroporto de Ribeirão Preto, que está a cerca de 240 km e o Aeroporto Internacional de Confins (CNF), distante cerca de 320 km.