Depois de anos de pesquisa e dedicação, pesquisadores da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), do campus de Divinópolis, desenvolveram um teste rápido para a detecção da doença de Chagas.
A tecnologia é promissora e pode revolucionar o diagnóstico precoce da doença, especialmente em regiões de difícil acesso.
Atualmente, a maior parte dos kits de diagnóstico utilizados no Brasil é importada, o que eleva os custos e dificulta a ampla distribuição.
“Queremos que Minas Gerais seja protagonista no desenvolvimento de kits diagnósticos locais”, destacou o professor que coordenou a pesquisa, Alexsandro Galdino.
Teste desenvolvido na UFSJ em Divinópolis ajuda no diagnóstico de Chagas
Como o teste funciona e os próximos passos
O teste utiliza uma amostra de sangue do paciente e o resultado fica pronto em cerca de 15 minutos. Ele é capaz de diferenciar os casos positivos de doença de Chagas daqueles que não apresentam a infecção, com alta precisão.
A validação é crucial para garantir a confiabilidade do teste e os pesquisadores estão desenvolvendo parcerias para ampliar a testagem com mais amostras.
No futuro, a expectativa é disponibilizá-lo para o Sistema Único de Saúde (SUS) e assim beneficiar milhões de brasileiros que se sequer sabem que são portadores da doença, que afeta cerca de 70% dos infectados de forma assintomática.
Parcerias fundamentais
O desenvolvimento do teste contou com o apoio de parceiros, como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
“Só conseguimos desenvolver esse teste graças a um grande número de colaboradores, muitos deles especialistas na doença de Chagas. Eles nos cederam soros caracterizados, tanto positivos quanto negativos, para a validação do teste. Isso é o que chamamos de prova de conceito”, explicou o professor.
O processo de validação foi minucioso e envolveu análises laboratoriais com a técnica chamada “Elisa”, utilizando antígenos produzidos de forma recombinante. Diversos alunos de pós-graduação e pesquisadores de pós-doutorado participaram desse trabalho, que durou anos.
Doença negligenciada
A doença de Chagas é transmitida principalmente pelo barbeiro, um tipo de percevejo que se alimenta de sangue. Durante a picada, o inseto defeca sobre a pele, e as fezes contaminadas podem entrar no organismo através de feridas ou mucosas quando a região é coçada.
De acordo com a Superintendência Regional de Saúde (SRE), o número de testes realizados para a doença vem crescendo nos últimos anos.
Em 2020, foram realizados 158 testes
Em 2021, 219;
Em 2022, 602;
Em 2023, o número subiu para 2.200.
Os casos confirmados também aumentaram: de nove, em 2020, para 128, em 2023, na fase crônica da doença, que pode comprometer órgãos como o coração, o esôfago e o intestino.