Minas Gerais é um dos grandes polos de produção científica do país, com universidades públicas e centros de pesquisa gerando conhecimento de alto nível. No entanto, transformar esse conhecimento em produtos e soluções tecnológicas para a sociedade ainda é um grande desafio.
A chamada “transposição do vale da morte” — expressão usada para definir a distância entre pesquisa acadêmica e produto comercial — é um dos obstáculos enfrentados pelo estado. “É essencial que o conhecimento se transforme em soluções práticas, como medicamentos e tecnologias que melhorem a vida das pessoas”, afirma Cristiana Ferreira Alves de Brito, da SBPC-MG.
As startups têm papel fundamental nesse processo de transformação, segundo Paulo Sérgio Lacerda Beirão, presidente da FAPEMIG. Ele destaca que desenvolver um produto exige mais que apenas registrar uma patente. É necessário estudar o mercado, produzir, testar e entender como vender. Um exemplo simbólico, segundo ele, é o café: o Brasil exporta o grão, mas importa cápsulas industrializadas da Alemanha, que não planta café, mas fatura com a tecnologia.
Um dos caminhos para encurtar essa distância é fortalecer ambientes de inovação, como o BH-TEC (Parque Tecnológico de Belo Horizonte), ligado à UFMG. O local abriga empresas e laboratórios que trabalham para conectar a produção científica com as necessidades da indústria.
A FAPEMIG e a UFMG também investem em “vitrines tecnológicas”, plataformas online que apresentam inovações desenvolvidas por pesquisadores mineiros, facilitando o acesso por empresas interessadas em aplicá-las.
Por fim, especialistas alertam: a ciência básica — aquela que não gera produtos imediatos — também deve ser valorizada. Foi ela que possibilitou avanços fundamentais como a produção de vacinas na pandemia, mesmo quando seus resultados ainda pareciam distantes da realidade. “A ciência básica precisa ser melhor explicada à população, pois é essencial para o progresso científico de forma ampla”, destaca Débora d’Ávila Reis, da UFMG.