A eletricidade é algo que a gente não consegue abrir mão. Basta ficar dez minutos sem luz pra que tudo se torne um caos. Porém, é preciso ter atenção quando o assunto é energia elétrica. Às vezes, tomadas adaptadas ou gambiarras – que são as instalações improvisadas – podem provocar acidentes domésticos e, em muito casos, levar a pessoa à morte.
Foi o que aconteceu com o empresário Maick Xavier de Carvalho, de 31 anos. Na última segunda-feira (15), o homem morreu enquanto manuseava um equipamento elétrico em casa, em Pedro Leopoldo, na Região Metropolitana de BH. Ele teve fraturas no crânio, perda de massa encefálica e morreu no local.
O que causou a morte do empresário?
Ainda não se sabe exatamente qual equipamento causou a morte do empresário. Inicialmente, o Corpo de Bombeiros informou que ele manuseava um aspirador de pó, que explodiu. Depois, afirmou que se tratava de uma esteira. Já a perícia da Polícia Civil constatou que, no local da morte, havia um equipamento similar a uma lixadeira em situação precária para uso, que estaria sendo utilizado pela vítima.
Por sua vez, Yago Junior, primo da vítima, contesta a versão de explosão e disse que Maick estava adaptando uma peça, mas não soube dizer qual.
“Ele adaptou um disco em um motorzinho. Ele estava testando para rodar e, na hora que estava rodando, o disco desprendeu do motor e bateu na cabeça dele. Não houve explosão”, disse o primo.
Segundo o primo, Maick era “inteligente e entendia muito de eletrônica”. Ele gostava de fazer adaptações em peças elétricas e eletrônicas.
Mas qual o risco de fazer gambiarras?
Em conversa om o professor do departamento de engenharia elétrica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e do Laboratório de Alta Tensão (LEAT), José Osvaldo Saldanha Paulino, para esclarecer algumas dúvidas sobre o assunto. Confira abaixo:
Por que não é recomendável fazer adaptações em equipamentos elétricos?
Segundo o especialista, cada aparelho é projetado para uma função específica. Uma Air Fryer, por exemplo, gasta mais energia que um ferro de passar. Então, para suportar a potência, a tomada dela é mais grossa.
“Em qualquer lojinha de esquina, é possível comprar adaptadores para todos os equipamentos. Mas isso não pode acontecer. Se uma tomada tem um determinado formato, tem inúmeros motivos para ser daquele jeito. Se um fio é mais fino ou mais grosso, ele foi pensado para ser daquele jeito. Até o produto chegar na casa do consumidor, ele passa por testes e aprovações. Então, não se deve mudar o que foi projetado” , explicou.
Quais os riscos?
Para o professor, qualquer equipamento alterado pode até funcionar em um primeiro momento, mas, depois, “a tendência é que dê choque, derreta ou, até mesmo, exploda, colocando a vida de todo mundo em risco”.
‘De médico e eletricista todo mundo tem um pouco’
“No Brasil, cerca de duas pessoas morrem, por dia, por choque elétrico, além dos vários incêndios que são registrados em função de instalações inadequadas. É aquela história: ‘de médico e eletricista todo mundo tem um pouco’. Às vezes a gente pensa na rápida solução, mas a economia pode sair cara. Não é papo de engenheiro, não. É preocupação com a segurança de todos, em geral”, concluiu o professor.