Jornal da Cidade Regional

Incêndios ‘queimam’ R$ 107,8 milhões em seis anos só em Minas

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Minas Gerais avança na temporada de chuvas ainda calculando perdas  causadas pelo fogo. O estado é o terceiro do país que mais sofre prejuízos com os incêndios florestais. Só os danos diretos chegaram a R$ 107.853.950, entre 2016 e 2021, enquanto o Brasil registrou destruição pelas chamas estimada em R$ 1.157.390.779. Apesar de ter o sexto maior número de focos de incêndio registrados no período, o custo de cada ponto de queima no estado é também o quinto mais alto do Brasil, chegando a R$ 1.729,28, ou seja, 65% mais alto que a média nacional, que é de R$ 1.048. Essa conta é o saldo negativo deixado ano após ano pelas ocorrências em períodos de estiagem, que vão de abril a setembro.

Os dados são de um estudo da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) a partir de informações do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), com os relatos de prejuízos de municípios à Secretaria Nacional de Defesa Civil (Sedec), que é quem confirma decretos de situação de emergência ou calamidade e também dos ministérios do Desenvolvimento Regional, Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia.

O ano de maior prejuízo devido aos incêndios florestais foi 2019, quando 11.653 focos de queima custaram a Minas Gerais R$ 107.350.000, quase a totalidade registrada na Sedec desde 2016. De forma geral, o pior ano do Brasil foi 2020, quando foram registrados 222.753 focos, mas o prejuízo associado mais alto ocorreu também em 2019, chegando a R$ 738,3 milhões. O estado do Mato Grosso do Sul é o que mais prejuízos sofreu no período observado, chegando a R$ 533,1 milhões, ou 46% do total do Brasil. Em segundo fica o Mato Grosso, com R$ 304,2 milhões. Minas Gerais, em terceiro, responde por 9,3% dos custos nacionais, seguido por São Paulo, com R$ 82 milhões (7%).

Os dados da Sedec e do Ministério do Desenvolvimento Regional apontam que as atividades e setores que mais sofreram no Brasil foram a pecuária, com perdas da ordem de R$ 658.097.836, seguida por agricultura (R$ 144.038.050), custos de instalações públicas danificadas e destruídas, num total de R$ 103.626.000, indústria, com R$ 50.218.320, habitações danificadas ou destruídas, com R$ 17.583.012, serviços, que responderam por R$ 9.818.800, obras de infraestrutura pública, com R$ 6.763.405, comércio, num total de R$ 6.382.701, assistência médica emergencial, R$ 3.870.660 e abastecimento de água, com R$ 2.308.938 (confira os demais setores no quadro).

Quadro

Quanto custaram as queimadas no Brasil (clique para ampliar)

(foto: Arte EM)

No levantamento realizado pela entidade, verificou-se que em 2019, os prejuízos causados por queimadas, incêndios florestais e em edificações ultrapassaram os R$ 738,3 milhões, correspondendo a 63,7% do total de R$ 1,1 bilhão de 2016 a 2021. O ano de 2021 ficou em segundo lugar, com mais de R$ 190 milhões de prejuízos em todo o Brasil, correspondendo a 16,4% do total. Com a terceira posição ficou 2020, que foi um ano com muitos problemas gerados pelos incêndios e queimadas nas regiões Norte e Centro-Oeste. O Pantanal foi devastado pelas queimadas naquele ano, contribuindo para o prejuízo de quase R$ 76 milhões em todo Brasil, correspondendo a 6,5% do total.

O estudo, segundo a CNM, ajuda a entender como as queimadas afetam os municípios. Um dos conceito importantes para isso “é o de focos de queima, também chamados de focos de calor, focos de incêndio ou focos de queimada. Todos se referem à detecção de locais com queima de vegetação por meio de imagens digitais de sensores em satélites. O Programa Queimadas do Inpe utiliza a expressão ‘foco de queima’, pois se considera que a grande maioria das detecções de fogo se referem à vegetação, exceto por eventos esporádicos de incêndios residenciais, industriais etc”, informa. Em decorrência dos desastres causados por queimadas e incêndios no período compreendido entre 2016 a 2021, ocorreram 2.111 decretações de situação de emergência registradas na Sedec.

Outros prejuízos trazidos pelas queimadas podem não ser totalmente relatáveis. A CNM indica que há, por exemplo, diversas consequências ambientais. Como “aumento da liberação de dióxido de carbono, uma das principais causas do aquecimento global. A destruição da vegetação e dos habitats naturais. Erosão e perda de produtividade do solo. Perda da absorção do solo, aumentando os índices de inundações. Poluição de nascentes, águas subterrâneas e rios por meio das cinzas”.

O fogo que na maioria das vezes é criminoso e ocorre por ação do homem também impacta na flora, fauna e qualidade de vida humana, segundo a entidade. “Pode causar extinção de espécies endêmicas, mortandade de animais, problemas respiratórios para população local, redução da biodiversidade, alterações drásticas das características ambientais, reduzindo as possibilidades de desenvolvimento equilibrado da fauna silvestre e da flora, facilitação dos processos erosivos, redução da proteção dos olhos d’água e nascentes, perdas humanas e traumatismos provocados pelo fogo ou por contusões, desabrigados e desalojados e a redução das oportunidades de trabalho relacionadas ao manejo florestal”.

Sem contar os danos materiais, como a “destruição das árvores em fase de crescimento ou  de utilização comercial, reduzindo a produção de madeira, celulose, essências florestais e outros insumos e redução da fertilidade do solo, como consequência da destruição da matéria orgânica obrigando a um maior consumo de fertilizantes”.

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