Um novo tremor de terra foi registrado em Divinópolis nesta quinta-feira (27). O tremor teve magnitude de 2.4 na Escala Richter e o índice é considerado de baixa magnitude segundo a Rede Sismográfica Brasileira (RSB). Este é o 31º tremor de terra, segundo registro da RSB.
O especialista do Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP),Jackson Calhau, explicou ao g1 que não é possível prever novos registros, bem como se haverá aumento de magnitude.
O primeiro registro de abalo na cidade foi no dia 10 de janeiro: 3.0 na Escala Richter. O valor apesar de ser considerado de magnitude baixa foi o mais alto registrado na cidade até o momento. Os demais registros variam entre 1.6 e 2.9 de magnitude.
Tremores de terra registrados em Divinópolis
Data | Hora | Magnitude |
27/01 | 1h25 | 2.4 |
20/01 | 8h06 | 2.2 |
19/01 | 14h32 | 2.2 |
19/01 | 13h54 | 2.5 |
19/01 | 5h34 | 2.1 |
19/01 | 4h57 | 1.9 |
19/01 | 4h06 | 2.0 |
19/01 | 00h36 | 2.4 |
18/01 | 12h36 | 2.4 |
18/01 | 19h16 | 2.6 |
18/01 | 15h36 | 2.4 |
18/01 | 12h02 | 2.9 |
18/01 | 9h02 | 2.9 |
16/01 | 8h43 | 1.7 |
16/01 | 4h24 | 1.6 |
15/01 | 19h23 | 1.9 |
15/01 | 10h26 | 1.9 |
15/01 | 10h23 | 2.4 |
15/01 | 8h38 | 2.1 |
15/01 | 6h34 | 1.8 |
15/01 | 4h45 | 2.4 |
15/01 | 4h39 | 1.6 |
15/01 | 23h07 | 1.9 |
14/01 | 18h04 | 2.2 |
14/01 | 0h4 | 1.6 |
14/01 | 23h52 | 2.0 |
13/01 | 19h30 | 1.8 |
13/01 | 15h32 | 2.9 |
13/01 | 15h25 | 2.8 |
10/01 | 20h13 | 3.0 |
Porque os tremores não são percebidos em algumas partes da cidade?
Em algumas partes da cidade as pessoas sentem mais os abalos e em outras sentem menos. O especialista da USP comentou sobre essa situação.
“Isso é devido a proximidade ao epicentro. As pessoa que estão na parte norte e nordeste da cidade estão sentindo mais porque estão mais perto das fraturas onde estão acontecendo os tremores”, esclareceu Jackson.
Relatório da USP
O epicentro dos tremores de terra está localizado próximo ao Bairro Candidés, segundo relatório divulgado pelo Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP). O órgão disse também que recebeu mais de 500 relatos da população o que permitiu estimar a localização do epicentro.
Considerado o histórico da região referente a abalos sísmicos, os tremores que ocorreram em Divinópolis são considerados normais.
“Não há razão para acreditar que não se trate de atividade sísmica natural, sem relação com atividade exploratório de pedreiras ou com enchimento rápido do reservatório de Gafanhoto. Possível relação com chuvas intensas no último mês é pouco provável e muito difícil de comprovar. O padrão de tremores ocorrendo durante vários dias (“enxame” de sismos) não é incomum”, consta no relatório.
O relatório destaca que sismos de magnitude 3,0 são muito comuns no Brasil e em Minas Gerais. O estado já presenciou sismos de magnitudes bem maiores na cidade de São Francisco, em 1931, e Itacarambi, em 2007, no norte do estado. Ambos com magnitudes 4,9 e intensidades máximas de VI e VII MM (trincas e rachaduras em paredes).
A USP acredita que essa série de tremores em Divinópolis parece fazer parte de uma zona de sismos mais frequentes que inclui o Quadrilátero Ferrífero.
“Sismos naturais são totalmente imprevisíveis e não é possível saber até quando a atividade continuará, se as magnitudes vão diminuir ou se vão aumentar.”
Tremores em Divinópolis
O primeiro registro de tremor na cidade foi no dia 10 de janeiro: 3.0 na Escala Richter; o número é considerado magnitude baixa. Os demais registros variam entre 1.6 e 2.9 de magnitude.
O segundo registro foi na quinta-feira (13). Na sexta-feira (14) foram registrados outros dois tremores na cidade. Todos foram constatados pela Rede Sismográfica Brasileira (RSBR). No sábado (15), foram seis registros. Houve registros também no domingo (16), terça (18) e quarta-feira (19).
De acordo com o Centro de Sismologia da USP, a estação sísmica mais próxima a Divinópolis está a 80 km de distância, seguida da estação de Bom Sucesso a 100 km. Essas grandes distâncias não permitem uma precisão do epicentro melhor do que 5 a 10 km.
Tampouco é possível determinar com precisão a profundidade focal dos sismos, razão pela qual ela é fixada em 0 km no cálculo de epicentro. Baseado na presença de ondas de superfície estima-se que a profundidade deve ser de poucos km.
Causas
Segundo a USP, tanto em Minas Gerais como em outras partes do Brasil, os tremores de terra naturais ocorrem por deslizamento repentino em falhas ou fraturas geológicas causado pelo acúmulo de tensões geológicas (“pressões internas”) a que a crosta está submetida. Estas tensões se devem às forças tectônicas que movem a placa Sul-Americana. Não há uma relação clara entre a sismicidade e as feições geológicas de grande escala.
A quase totalidade das falhas geológicas mapeadas em superfície são muito antigas (a maioria do período paleozóico ou mais antigas) e já estão “cicatrizadas” não representando mais potencial de sismicidade. A grande maioria dos tremores de terra no Brasil ocorre em pequenas fraturas geológicas.
No caso desta série atual de sismos em Divinópolis, análise dos sismogramas mostra que todos os eventos estão ocorrendo numa única fratura da crosta superior, com tamanho de poucas centenas de metros. A diferença de alguns quilômetros entre os epicentros instrumentais se deve às incertezas de localização.
Em alguns casos raros, os tremores podem ser “disparados” por outros fatores, como por exemplo, pelo enchimento de um grande reservatório hidrelétrico. Em Minas Gerais, vários reservatórios grandes (como Nova Ponte e Miranda, no Triângulo Mineiro, e Irapé, no Vale do Jequitinhonha) já provocaram tremores, chegando a magnitude 4.
O reservatório de Cajuru, a 20 km de Divinópolis, também teve muita atividade sísmica na década de 70, com magnitude máxima de 3,7 em janeiro de 1972. Há também casos raros de tremores induzidos pela mineração.