Nesta semana, uma obra chamou a atenção de moradores do bairro Dom Bosco, em Nova Serrana (MG): uma grande imagem com o rosto de Moïse foi grafitada no muro do Campo do Juventus, na rua Paraíba. O idealizador do projeto é o artista Silas Cândido, conhecido como Rizzo. Para a realização do mesmo, ele contou com a ajuda de alguns amigos.
‘’Eu retratei a imagem dele, porém não é o tipo de arte que eu gostaria de estar fazendo, pelo motivo que foi. Pelo assassinato covardemente de alguém’’
A arte é em homenagem ao congolês Moïse Kabagambe, de 24 anos, que foi morto no último dia 24 de janeiro, no Rio de Janeiro. Ele trabalhava por diárias em um quiosque na Barra da Tijuca, na Zona Oeste da cidade.
Segundo a família, Moïse foi vítima de uma sequência de agressões após ter cobrado dois dias de pagamento atrasado. Seu corpo foi achado amarrado em uma escada.
Moïse veio para o Brasil em 2014 com a mãe e os irmãos, como refugiado político, para fugir da guerra e da fome.
O promotor Alexandre Murilo Graça, que atua na investigação do assassinato, informou que acredita que o crime tenha sido motivado por questão racial, isso é, por ele ser ‘preto e pobre’.
Rizzo é defensor e militante da causa negra, isto é, aborda temas antirracismo. ‘’Uso minha arte para me expressar e trazer um pouco de reflexão para as pessoas que passam naquele local onde foi feita a arte. Mostrar que todos possam ter o mesmo valor independente da cor, classe social e muitas outras coisas que só de você ser já é motivo para o intolerante te matar. Temos que mudar essa realidade’’.
O artista é natural de Lagoa da Prata, porém reside em Nova Serrana. É grafiteiro, pinta telas e oferece oficinas para jovens.