O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, vem colecionando denúncias de assédio sexual contra um grupo de funcionárias do banco.
Presidente da estatal desde o início do governo Jair Bolsonaro, Guimarães é presença frequente nas lives semanais e em agendas públicas do presidente da República. Também já apareceu ao lado dele em viagens de fim de ano, quando Bolsonaro costuma tirar férias.
As denúncias se referem a situações em viagens pelo programa Caixa Mais Brasil, no qual Pedro Guimarães vai a diferentes regiões do país, realizando eventos e confraternizações.
Todas as denunciantes trabalham ou trabalharam em equipes que lidam diretamente com o gabinete da presidência da Caixa e acompanharam o presidente nessas viagens. Elas se dizem assediadas e abusadas por Guimarães em diferentes situações.
O Ministério Público Federal, sob sigilo, abriu uma investigação para apurar os relatos. O caso ainda está em andamento no MPF e algumas das funcionárias já prestaram depoimento formal aos procuradores.
Os relatos
Uma das funcionárias, identificada como Ana, disse que ao se sentir próximo de algumas mulheres, Pedro Guimarães se sente “dono” delas.
É comum ele pegar na cintura, pegar no pescoço. Já aconteceu comigo e com várias colegas”, diz. “Ele já tentou várias vezes avançar o sinal comigo. É uma pessoa que não sabe escutar não”. “Quando escuta, vira a cara e passa a ignorar”.
Além disso, se uma funcionária desperta a atenção de Guimarães durante as viagens, é comum ele chamá-la para atuar em Brasília, mesmo sem preencher os requisitos necessários para a função.
Segundo as denúncias, o principal critério para escolher a comitiva das viagens é a beleza. “Tem um padrão. Mulher bonita é sempre escolhida para viajar”. “Ele convida para as viagens as mulheres que acha interessantes”.
De acordo com as funcionárias, também eram comuns, durante as viagens, convite para elas irem à piscina ou à sauna na companhia do presidente. Em uma das ocasiões, duas servidoras foram chamadas ao encontro de Guimarães na piscina. E sentiram o constrangimento.
“Ele parecia um boto, se exibindo. Era uma espécie de dança do acasalamento”, diz Cristina, uma das denunciantes. Ela afirma que depois, outra mulher ouvir uma proposta indecente de um auxiliar de Guimarães: “E se o presidente quiser transar com você?”.
Em outros relatos, também era uma prática costumeira de Pedro Guimarães chamar funcionárias para ir ao quarto onde ele estava hospedado, inclusive tarde da noite.
“Ele falou assim: ‘Vai lá, toma um banho e vem aqui depois para a gente conversar sobre sua carreira’. Não entendi. Na porta do quarto dele”, afirma Beatriz.
Beatriz conta um caso ainda mais grave: em uma das viagens, após o fim dos trabalhos, foi surpreendida enquanto caminhava ao lado de Guimarães.
“Ele passou a mão em mim. Foi um absurdo. Ele apertou minha bunda. Literalmente isso”.