Jornal da Cidade Regional

Morador fala sobre as queimadas na região e da falta de notificação dos terrenos sujos em Arcos

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O problema das queimadas em Arcos, parecem nunca acabar. Toda semana é possível identificar um local sendo queimado na cidade. Nos últimos dias, uma área que fica localizada no final do bairro Floresta, próximo do trevo que vai sentido a Lagoa da Prata, foi novamente queimada. Segundo os moradores, as chamas foram intensas, chegando a até 2 metros, o que fez com que os moradores tivessem que sair de suas residências. O Corpo de Bombeiros teve que ser acionado para apagar as chamas.

E para falar um pouco sobre este problema que já vem sendo enfrentado há anos pelas pessoas que moram do bairro, a reportagem do Portal Arcos conversou com um dos moradores, o senhor Alcino Felipe, que também ajudou a apagar as chamas da última queimada.   

Senhor Alcino iniciou mencionando que, infelizmente, essas queimadas são muito frequentes naquela região, e por isso, é necessário que as pessoas tenham mais. “Aqui, saindo para Lagoa da Prata, na MG-170, é uma área que tem uma reserva muito extensa. Então, é um lugar de fácil acesso para as pessoas jogarem uma bituca de cigarro. Queremos que as pessoas se conscientizem, pois, aqui no bairro tem muitas crianças e aqui na rua tem recém-nascidos. Sendo assim, as queimadas além de prejudicarem a fauna e a flora, também prejudicam o ser humano”.

Alcino nos contou que, nesta última queimada que aconteceu na região, as chamas estavam fortes a ponto de impedi-lo de trabalhar, pois ele tem uma lanternagem e, por causa do fogo, ele teve que guardar e proteger os carros de todos os clientes. E depois, saiu para tentar apagar o fogo.  

“Precisamos que as pessoas se conscientizem, porque, de tempo em tempo estão acontecendo essas queimadas, e com isso, ficamos incomodando os bombeiros. Nós também tentamos apagar as chamas, mas, desta última vez, não teve como, porque as chamas deram mais de 2 metros de altura”.

Falta de fiscalização nos lotes sujos e com mato

“Nós já procuramos a prefeitura diversas vezes, procuramos os órgãos competentes, os fiscais de postura, que são responsáveis pelos lotes”

Ele ressaltou que uma das coisas que contribuem com o surgimento de queimadas, além da ação humana, é a falta de limpeza nos terrenos e o mato alto. Alcino disse que ele e outros moradores da região já foram até a Prefeitura e procuraram o setor de Posturas, para saber se eles poderiam identificar o proprietário do terreno.

“Nós já procuramos a prefeitura diversas vezes, procuramos os órgãos competentes, os fiscais de postura, que são responsáveis pelos lotes, por notificar e até dar multa em caso de descumprimento. Mas, como moramos aqui na beirada, normalmente nós mesmo limpamos, mas, como é uma área muito grande gostaríamos de uma atenção maior. Nós procuramos o setor responsável e eles nos disseram que não tinha como identificar a quem pertencia o terreno, mas, nós procuramos informações e soubemos que pelo cartório é possível identificar o proprietário do lote e, após isso, fazer a notificação”.

Alcino nos contou que mora no bairro há oito anos e, desde então, nunca foram realizadas limpezas no local e também nunca foi feita uma notificação ao proprietário. Ainda assim, os moradores esperam que a Prefeitura faça algo para solucionar o problema.

“Queremos que a prefeitura e o setor responsável olhem com maior atenção e carinho para essa situação, porque é um bairro promissor, que está crescendo e nós temos um comércio pequeno aqui e isso prejudica a gente. Eu trabalho na área de estética e na última queimada eu tive que ficar o dia todo sem trabalhar, sem atender os meus clientes, então isso ocasiona não só um desconforto para o bairro, como para nós que trabalhamos servindo as pessoas”.

Contato com a Prefeitura de Arcos

A reportagem entrou em contato com a assessoria de comunicação da Prefeitura de Arcos, para saber se o setor de Posturas já identificou e notificou o proprietário do terreno. Porém, a assessoria apenas informou que nesses próximos dias não conseguiria dar um retorno, devido a demanda de trabalho.

Com isso, deixamos o espaço aberto para que o Governo Municipal e o setor de Posturas se pronunciem sobre esta situação.

Corpo de Bombeiros

O Portal Arcos também entrou em contato com o Corpo de Bombeiros em Arcos, para saber sobre os índices de queimadas no município e sobre como os profissionais têm enfrenta esse problema junto à população.

Em contato com o Sargento Alves, ele nos informou que neste ano o Posto Avançado do Corpo de Bombeiros Militar de Arcos já atendeu 80 ocorrências relacionadas a incêndios florestais, sendo que 68 delas foram no município. Segundo o sargento, a maior demanda de serviço na cidade tem sido os atendimentos de incêndios em lotes vagos. Ele também mencionou que em 2021 o Corpo de Bombeiros atendeu o total de 301 ocorrências da mesma natureza.

Ele ressaltou que, essas informações são do ‘Painel de Gestão Operacional’, série histórica, desenvolvido pela 3° Seção do Estado Maior do CBMMG e disponibilizado na intranet da instituição. Foi responsável pelo processamento dos dados o 3° Sargento Paulo Guilherme Veloso de Lima, militar da 2° ala operacional do 5° Pelotão Formiga e membro do Núcleo de Incêndios Florestais do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais.

“A grande maioria das queimadas são provocadas pela ação do homem e por diversos motivos”

Ele confirmou que, na maioria das vezes, as queimadas realmente são provocadas por ação humana e que no período de estiagem esses incêndios florestais se tornam um grande desafio para o Corpo de Bombeiros.

“Não só em Minas Gerais, os Corpos de Bombeiros Militar de todo o país realizam esse tipo de atendimento e têm grandes desafios durantes os períodos de estiagem ao longo dos anos. Há inclusive inciativa de esforços conjuntos tanto em campanhas de prevenção, como em operações de combate a grandes incêndios”, explicou.

Sargento Alves explicou que, o período de estiagem geralmente inicia em abril e se estende até o mês de setembro, porém, em alguns anos esse momento pode variar, se antecipando ou se prolongando, de acordo com as condições climáticas.

Pena de reclusão de 2 a 4 anos e multa

Ele ressaltou que provocar queimadas é crime previsto em lei. “O incêndio florestal é crime ambiental previsto no artigo 41 da Lei 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais), com pena de reclusão de 2 a 4 anos e multa”.

Para ele, para se evitar essas queimadas, é importante que aconteça um conjunto de ações tanto por parte da população quanto por diversos órgão do setor público.

“O conjunto e ações tanto da população como de diversos órgãos do setor público é fundamental tanto nas fases de prevenção e preparação antes do início do período de estiagem, como durante o período de estiagem nas ações de resposta aos grandes incêndios”.

Ele também enfatizou o empenho do Corpo de Bombeiros em sempre combater esses casos que são considerados desastres ambientais. “Nós do Corpo de Bombeiros Militar consideramos como importantes e urgentes todos os chamados a nós direcionados. Os incêndios florestais inclusive são classificados como desastres ambientais, atividades relativas a prevenção e combate são tratados com alto grau de importância pela instituição”.

Via: Portal Arcos.

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