Jornal da Cidade Regional

Baixa cobertura vacinal de crianças e adolescentes preocupa órgãos de saúde em Divinópolis

Compartilhe:

A baixa cobertura vacinal de crianças e adolescentes tem preocupado a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) em Divinópolis. A pasta fez um alerta para que os pais ou responsáveis compareçam às unidades de saúde para vacinar os filhos. Tanto as vacinas do calendário básico quanto as da Covid-19 deste grupo ainda não atiram a meta de 90% preconizada pelo Ministério da Saúde.

Diante disso, a reportagem conversou com o coordenador Municipal da Central de Vacinas, Tércio Faria Leão, ouviu algumas mães e também o promotor do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), responsável pela Vara da Infância e Juventude, Carlos Fortes, para falar sobre a obrigação dos pais nos cuidados com a saúde dos filhos.

No último dia 20 foi realizado o “Dia D” de vacinação contra a poliomielite e atualização da caderneta de vacinas. Entretanto, os dados mostrados nesta reportagem são de um levantamento feito pela Semusa das crianças e adolescentes vacinados até o dia 17.

População dividida

A vendedora Raquel Santos é mãe do Noah, de 6 meses, e da Maria Eduarda de 5 anos. Ela conta que nunca deixou de dar as vacinas do calendário básico para os filhos, mas quando o assunto é a vacina da Covid-19, ela conta que ainda se sente insegura em levar a filha para vacinar.

“Das campanhas que tem todo ano, eles tomam de sarampo, gripe, as do Noah, que têm todo mês, também levo para tomar. Mas a da Covid para a Maria eu e meu marido temos medo, decidimos esperar um pouco, nos cuidados muito aqui em casa. Não sou contra a vacina, até porque eu e meu marido tomamos ela, mas a gente vê muita coisa que dá medo”, completa.

Carderneta de vacinação do Gabriel, filho da Samara Fernanda  — Foto: Samara Fernanda/Arquivo pessoal

Carderneta de vacinação do Gabriel, filho da Samara Fernanda — Foto: Samara Fernanda/Arquivo pessoal

A reportagem também conversou com a nutricionista Samara Fernanda, mãe do Gabriel de 4 anos.

“As vacinas do Gabriel são todas em dia, toda campanha que tem que eu vejo que é da idade dele, eu levo. Quando eu não posso minha mãe leva para mim. É muito importante que eles sejam vacinados. A da Covid, mesmo as pessoas falando que podia dar alguma coisa, eu levei. Tenho mais medo da doença do que da reação dela, e graças a Deus ele não teve nada desde o dia que tomou”, afirma.

Cobertura vacinal

O coordenador da Central de Vacinas e responsável técnico, Tércio Leão, destacou a preocupação com a baixa cobertura vacinal na cidade. Veja abaixo tabela com dados de vacinação por idade.

“As coberturas vêm caindo gradativamente, ano a ano, e Divinópolis não tem um cenário diferente. Iniciamos a campanha de poliomielite no dia 8 de agosto, numa contagem de uma semana, tivemos apenas 779 crianças vacinas para um público de 10.487, temos então 7,83% de crianças vacinadas”, conta.

Cobertura vacinal contra poliomielite

Faixa EtáriaPúblico AlvoDoses AplicadasCobertura
1 ano2.9072297,87%
2 anos2.9931665,54%
3 anos3.2392106,48%
4 anos3.2421795,52%

Leão também falou sobre o receio que doenças consideradas erradicadas retornem.

“A poliomielite foi erradicada em 1994, o Brasil recebeu o título de erradicação da pólio, mas foi graças a vacinação em massa, as grandes campanhas, onde tivemos 99% das pessoas vacinadas. Agora isso vem caindo e embora a gente não tenha casos de poliomielite no Brasil, sabemos que tem regiões endêmicas no continente asiático e preocupamos na questão de importação dessa doença para o Brasil”, afirma.

Cobertura vacinal Influenza e Sarampo

VacinasFaixa EtáriaPúblico AlvoDoses AplicadasCobertura
InfluenzaBebês de 6 meses e crianças menores de 5 anos11.7457.04160%
SarampoBebês de 6 meses e crianças menores de 5 anos11.7456.18152,6%

Diante da baixa cobertura, Leão chama atenção da população para que leva as crianças para receber a imunização.

“A gente faz um faz apelo para a população, para os pais, para que levem as crianças para vacinar. As unidades de saúde estão preparadas com equipes e doses suficientes para atender esse público. São 38 salas de vacina operando efetivamente das 8h às 16h, de segunda a sexta. Precisamos atingir a cobertura que realmente faça a diferença para a população”, completa.

Cobertura da Covid-19

Faixa EtáriaPúblico AlvoDoses aplicadasCobertura
3 a 4 anos6.480471 (D1)7,2%
5 a 11 anos18.97813270 (D1) E 9140 (D2)69,9% (D1) E 48,16% (D2
12 a 17 anos19.53515.918 (D1), 12.765 (D2), 2865 (REF 1),16 (REF 2)81,4 % (D1), 65,34 (D2%), 14,6% (REF1)

Responsabilidade dos pais

O promotor do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), responsável pela Vara da Infância e Juventude, Carlos Fortes, ressalta que independente das questões legais o bom senso deve ser usado em todas as situações quando o assunto for a saúde do filho.

”Os pais que negligenciam a saúde dos filhos podem sofrer sim penalidades, entretanto a vacina nem sempre é obrigatório. Não é porque deixou de vacinar que vai estar descumprindo os seus deveres para com a saúde do filho, mas depende da vacina e da situação”, explica o promotor.

Compartilhe:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *