Uma operação do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) realizada na manhã desta terça-feira (30) teve como alvo funcionários da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e empresários que estariam se favorecendo através de um esquema de corrupção dentro da companhia energética. Na ação foram cumpridos nove mandados de busca e apreensão. Além disso, a Justiça determinou o bloqueio de mais de R$ 132 milhões dos suspeitos.
A operação, batizada de ‘Mau Contato’, apura desvios que teriam ocorrido durante a compra de equipamentos como cabos condutores e outros materiais elétricos por parte da Cemig. A investigação apurou que, ao longo de quase dois anos, os suspeitos agiram para favorecer alguns fornecedores que chegaram a enviar materiais estragados para a companhia.
Os nove mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Belo Horizonte, Sarzedo, na região Metropolitana da capital, além das cidades de Campinas e Ribeiro Preto, no interior de São Paulo. Segundo o promotor de justiça Marcelo Schirmer, foram apreendidos pen-drives, celulares, computadores e uma série de documentos.
“As investigações ainda são sigilosas, mas identificados fraudes nos contratos de compra de materiais de má qualidade, que colocavam em risco a qualidade e a segurança do fornecimento de energia. Com a apreensão, vamos periciar os documentos e dar continuidade à investigação”, disse.
Ainda de acordo com o promotor, os mandados foram contra servidores da Cemig e a uma empresa lotada na cidade de Ribeirão Preto.
Para o Ministério Público, a utilização destes equipamentos gerou riscos à qualidade, desempenho e segurança da prestação de serviços e dos usuários, além de prejuízos financeiros. O objetivo da ação desta terça-feira foi complementar as provas já coletadas e aprofundar a apuração de outros crimes contra a administração pública e financeiros que possam ter ocorrido neste mesmo esquema.
Cemig ajudou nas investigações
O inquérito sobre o caso foi instaurado a partir de uma investigação interna da própria Cemig, concluída ao final de 2020. A apuração resultou no afastamento de dirigentes e empregados da companhia, além de rescisões de contratos com fornecedores – parte deles, agora, alvos da investigação conduzida pelo MPMG.
Além do Ministério Público de Minas Gerais, também participaram da ação o Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP), as Polícias Civis de Minas Gerais e de São Paulo e a Secretaria de Estado da Fazenda de Minas Gerais.
Investigação privada
Em nota, a Cemig confirmou que a investigação teve início após uma apuração interna na área de compras da companhia e que contratou investigadores privados para apurar o caso. Desde janeiro de 2021, os cinco funcionários da empresa que estariam participando do esquema foram afastados. Confira a nota na integra:
“A Cemig informa que realizou investigação corporativa interna sobre denúncias de supostos casos de corrupção na área de compras da Companhia, em colaboração com o Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPMG).
Para isso, (i) contratou assessores especializados para a condução da investigação corporativa, (ii) instaurou procedimento administrativo disciplinar (PAD) para apuração dos fatos e responsabilidades e, (iii) em 8 de janeiro de 2021, afastou cinco empregados que ocupavam posições de liderança da área de compras da Companhia, sem prejuízo de seus vencimentos, para preservação da investigação.
A Cemig esclarece ainda que, desde o primeiro momento, assumiu o compromisso de colaborar com o MPMG e informou às autoridades norte-americanas (DoJ e SEC) sobre a investigação das denúncias, pois a Companhia tem ações negociadas na Bolsa de Valores dos Estados Unidos. O relatório dessa investigação foi compartilhado com essas autoridades. A investigação seguiu padrão internacional.
A Cemig mantém total colaboração com as autoridades competentes e ressalta ser a maior interessada no esclarecimento dos fatos.”