O Ministério Público de Minas Gerais denunciou à Justiça de Minas Gerais o ex-padre Ernani Maria dos Reis, de 55 anos, por violência sexual contra três monges em Monte Sião (MG). Conforme a polícia, os crimes ocorreram dentro de um mosteiro, onde o padre era responsável.
O ex-padre passará a ser réu caso a denúncia seja aceita pela Justiça. Neste caso, será instaurada uma ação penal. A denúncia foi feita pelo MP na quinta-feira (27).
A Polícia Civil já havia indiciado o ex-padre. Conforme as investigações, os monges eram subordinados a ele e passavam por processo seletivo para ingressarem no local.
Além de abuso e violência sexual contra vítimas do sexo masculino, as monjas também acusaram o padre de agressões, maus tratos e assédio moral.
Vítimas
Conforme a Polícia Civil, uma das vítimas, hoje com 41 anos, contou que o suspeito se aproximou dele com pressões psicológicas, além de manipulação, usando da vulnerabilidade dele acerca da perda do pai. Ele contou que o assédio e abusos começaram no ano de 2009.
Outra vítima, atualmente com 31 anos, relatou que após dois anos de estada no mosteiro, começou a acompanhar o padre em viagens curtas, quando em uma delas ocorreu o abuso, ao dormirem no quarto de motel reservado pelo suspeito.
Outra vítima, de com 41 anos, contou que o abuso ocorreu quando o padre o chamou para tratar de assuntos sobre um evento e quando chegou, o suspeito estava seminu, com uma taça de vinho. Durante a conversa, o padre o abraçou e começou a fazer carícias, e fazendo pressão e manipulação psicológica para que a vítima cedesse.
O que o padre disse à polícia
Conforme a Polícia Civil, o ex-padre investigado negou as acusações, mas confirmou ter tido relações sexuais com duas vitimas, porém, segundo ele, consensuais.
O Delegado de Polícia Civil, Daniel Leme, indiciou o suspeito por violência sexual mediante fraude, combinados com o crime de assédio sexual. O indiciado fica agora à disposição da Justiça.
Denúncias e afastamento da Igreja
O padre teria cometido os crimes sexuais entre os anos de 2011 até 2018, quando ele se afastou do mosteiro. As vítimas eram homens, com idades entre 20 e 43 anos, quando o assédio começou. Outras 11 pessoas, entre elas 10 mulheres, teriam sofrido constrangimentos e agressões verbais.
As denúncias teriam sido recebidas pela Igreja Católica, mas o padre só foi afastado depois que ele mesmo pediu para sair do mosteiro.
A Arquidiocese de Pouso Alegre informou que o padre foi afastado da comunidade em 2018. A nota diz ainda que o próprio citado quis a renúncia ao clero e que foi dispensado do celibato e de todas as outras obrigações pelo Papa Francisco. A Arquidiocese orientou, na nota, que os fiéis não devem procurar o religioso para solicitar sacramentos.
A Arquidiocese também informou que todas as medidas cabíveis foram tomadas e que as possíveis vítimas foram acolhidas em confissão, apoio financeiro e também psicológico.
Em 2018, Ernani foi afastado por um ano por causa das acusações de abuso sexual e conduzido para uma clínica de reabilitação espiritual no Paraná, onde ficou por seis meses. Após este período, Ernani renunciou ao celibato.
Ainda de acordo com o chanceler, Ernani não pode ser punido pela igreja, uma vez que não é mais padre. Apesar de ter assinado a renúncia ao celibato em 2018, a Arquidiocese de Pouso Alegre informou que na última semana recebeu a confirmação de que o Papa Francisco dispensou oficialmente Ernani do celibato e das demais obrigações inerentes ao estado clerical.
Ernani Maria dos Reis, que hoje mora em Franca (SP), foi procurado, mas não respondeu ao pedido de entrevista.